No batismo do Senhor, a voz do Pai reconhece Jesus como Filho predileto e Messias enviado aos pobres; o Espírito consagra-o sacerdote, profeta e rei. Somos, assim, introduzidos ao mistério de Jesus, verdadeiro homem, que carrega sobre si os pecados do mundo, e verdadeiro Deus que nos dá o Espírito.
A primeira leitura fala-nos do misterioso “Servo de Deus”, que será mediador da salvação pela sua obediência e humildade e pelas suas obras de misericórdia. É chamado “a aliança do povo e a luz das nações”, duas prerrogativas que serão próprias de Jesus Cristo.
O evangelho diz-nos que povo de Israel fazia conjeturas sobre o possível messianismo de João Batista. O maior dos profetas rejeita categoricamente tal possibilidade. O batismo que administra é apenas de preparação para o tempo novo, que vai começar com a chegada do verdadeiro “Messias”. Esse será mais forte do que ele e irá “batizar com o Espírito e com o fogo”. A fortaleza e o batismo no Espírito caraterizam o Messias esperado por Israel.
O testemunho de João não deixa dúvidas: chegou o tempo do “Messias”, o tempo da libertação que os profetas anunciaram, o tempo em que o Povo de Deus irá receber o Espírito. Na perspetiva de Lucas, esta “profecia” de João concretizar-se-á no dia de Pentecostes, quando o “fogo” do “Messias”, derramado sobre os discípulos reunidos no cenáculo, fizer nascer um Povo novo e livre, a comunidade da nova Aliança.
Lucas informa-nos que, depois do batismo de Jesus, enquanto Ele reza, se abrem os Céus, é proclamado Filho de Deus e recebe o Espírito. A oração de Jesus manifesta a sua comunhão com o Pai, e a sua disponibilidade para realizar o seu projeto de salvação da humanidade. O facto de ser batizado “quando todo o povo recebeu o batismo”, como se Ele fosse o último dos pecadores, indica a sua solidariedade connosco. O Senhor assume as nossas fragilidades, refaz a nossa comunhão com Deus e caminha connosco rumo à vida em plenitude.
Fomos salvos, não pelas nossas forças, mas pela misericórdia de Deus, revelada e oferecida em Jesus Cristo, consagrado pelo Espírito sacerdote, profeta e rei, que se oferecerá em sacrifício por nós, no altar da cruz.
Senhor, Filho muito amado do Pai, rogo-te hoje, de modo particular, pelos ministros da Palavra e do Batismo e pelos que renascem da água e do Espírito.
Aos trinta anos, Jesus é confirmado na sua missão e no seu sacerdócio. Nas margens do Jordão, o Espírito Santo desce sobre ele e o Pai diz: “Este é o meu Filho muito-amado”. (ASC 145).