150 anos da fundação do Patronato São José, em São Quintino, por Padre Dehon.
Por sugestão de nosso Padre Geral, foi organizado um dia de reflexão e intercâmbio, em São Quintino, por ocasião do 150º aniversário da fundação do Patronato São José (1872-2022), por Padre Dehon. Este colóquio “Ao encontro dos jovens de hoje” aconteceu nas dependências do Colégio de São João e da Cruz, o mesmo lugar onde nossa Congregação foi fundada em 28 de junho de 1878, um ano após a fundação do mesmo São João. Estiveram presentes o Bispo, o Subprefeito, a Diretora e outros membros da direção do São João e da Cruz, assim como vários protagonistas da pastoral diocesana e paroquial, bem como cerca de trinta Sacerdotes do Sagrado Coração da Província EUF. Éramos em torno de cinquenta, no total.
O dia começou com uma apresentação histórica d Pe. Stefan Tertünte, Provincial da Alemanha e ex-diretor do Centro de Estudos Dehonianos em Roma, sobre o Patronato de São José. A apresentação, precisa e completa, mostrou a amplitude e a diversidade interna da Obra de São José: não apenas um oratório, mas também um círculo de trabalhadores, com atividades comuns (biblioteca, orfeu, capela, ginásio, banco de poupança, etc.), tudo sob o cuidado de um conselho tutelar. O palestrante também insistiu no fato de que esta fundação fazia parte do projeto social e educacional global do Padre Dehon, um projeto holístico, pode-se dizer, com o objetivo de educar todas as dimensões do ser humano.
Depois veio o testemunho de P. Levi dos Anjos Ferreira, Conselheiro Geral, brasileiro que trabalhou na Alemanha desde 2003, mais especificamente no Leoninum, nosso colégio em Handrup. Ele nos contou sobre sua experiência como capelão nesta escola. Não sendo professor, ele sentiu-se mais livre para conhecer os jovens nas atividades escolares e extracurriculares, além dos professores, sem esquecer de envolver os pais, nesta animação pastoral. Esta situação também favoreceu a escuta dos alunos e o intercâmbio mais aprofundado. A principal preocupação de P. Levi era estar próximo aos jovens, nas diversas circunstâncias, e estabelecer uma relação de confiança com eles.
P. Antonio Tejado Chamorro, Conselheiro Provincial da EUF, compartilhou conosco sua experiência como Capelão Nacional da Juventude Operária Católica, na França, desde 2020. Ele acompanha os jovens que lideram os Jovens Trabalhadores Cristãos. O projeto da JOC é o de fazer os jovens serem atores na transformação da sociedade e da Igreja. Neste processo, a revisão da vida (ver, julgar, agir) tem um lugar essencial: é uma questão de deixar que Cristo inspire nossa visão da realidade. O caderno do ativista também nos permite anotar as “pérolas” vindas de nossos amigos, numa perspectiva de abertura aos outros, e serem atores do movimento. A mola propulsora é a confiança nos jovens, colocando suas capacidades à frente, chamando-os e confiando-lhes responsabilidades.
No final da manhã, celebrou-se a Eucaristia, na capela do Colégio, em memória de nosso Fundador e em ação de graças por todos os confrades jubilares de 2022, na Província EUF. Presidiu a celebração, o P. Bernard Groux, cercado por outros quatro representantes de todos os confrades jubilares.
Após o almoço, a mesa redonda foi introduzida pelo P. Jean-Marie Petitclerc, SDB. Esta mesa redonda permitiu que os três oradores da manhã se questionassem mutuamente e enriquecessem seu próprio testemunho, ao mesmo tempo em que respondiam às perguntas e observações da plateia.
P. Petitclerc apresentou então sua própria experiência como educador especializado, particularmente de jovens em dificuldade: é importante agir em três âmbitos, ao mesmo tempo: a família, a escola e a rua. Ele enfatizou que os “jovens” em nossa sociedade fragmentada não formam uma classe social, no sentido de um grupo homogêneo, mas uma faixa etária. Entretanto, todos os jovens têm pontos concretos em comum: 1) procuram a qualidade e autenticidade da relação (primazia do afetivo sobre o institucional); 2) dão primazia ao momento sobre a duração (dificuldade de se projetar no futuro)…
Alguns pontos de referência podem orientar o educador: estar a uma distância justa dos jovens (nem indiferença nem indiferenciação); escutar mais do que falar, com vistas ao diálogo; ser adultos que acreditam e esperam nos jovens; amá-los mediante uma pedagogia de aliança…
Este dia, organizado por ocasião do 150º aniversário do Patronato de São José, também mostrou (in)diretamente como algumas das intuições sociais e pedagógicas do Padre Dehon ainda hoje são frutíferas.