No dia 14 de janeiro, uma notícia vinda do Brasil ecoou em muitas casas de nossa Congregação trazendo consternação: a morte muito precoce do seminarista Osvaldo Henrique da Veiga, 22 anos, vitimado por um acidente vascular cerebral.
No recente dia 14 de janeiro, uma notícia vinda do Brasil ecoou em muitas casas de nossa Congregação trazendo consternação. Trata-se da morte muito precoce do seminarista Osvaldo Henrique da Veiga, 22 anos, vitimado por um acidente vascular cerebral. O jovem formando iniciaria o seu segundo ano do curso de filosofia e residia no Seminário Padre Dehon, na cidade de Várzea Grande/MT (Província BSP). Sobre este lamentável acontecimento, recolhemos algumas informações com P. Igor Pereira, scj, diretor daquela casa. Acompanhe conosco…
P. Igor, a chegada desta trágica notícia comoveu, por certo, pessoas em muitos lugares. Não foi diferente aqui no ambiente da Casa Geral. A causa mortis não muito comum para alguém da idade do Osvaldo, enche de perguntas o pensamento de quem se torna ciente da notícia. Você poderia descrever como aconteceu?
Osvaldo fazia parte da dupla de seminaristas que estava ajudando a cuidar do seminário no período de férias que antecede o início do ano letivo. Por ser natural do estado do Mato Grosso (onde se localiza o seminário) e ter a família por perto, ele pediu-me permissão para acompanhar os pais e a irmã em um breve passeio na cidade vizinha, Chapada dos Guimarães, em uma localidade turística conhecida como Salgadeira. Era o dia 11 de janeiro, segunda-feira. Neste local se faz ecoturismo com a possibilidade de banho de cachoeira. Foi exatamente num momento de visita a uma cachoeira que o seminarista começou a manifestar sinais de convulsão. Tal problema colocou o jovem numa situação de inconsciência, da qual ele não mais se recuperou até o dia de sua morte na tarde da quinta feira, 14 de janeiro.
Segundo os médicos, qual teria sido a causa da convulsão, do coma e da consequente morte após três dias?
Osvaldo era um rapaz de aparência saudável. O que não se sabia é que existia um processo de má formação no sistema arteriovenoso em seu cérebro. O contato com a água “batendo” sobre a cabeça dele durante o banho de cachoeira provocou o AVC. O parque da Salgadeira está a 48 km de Cuiabá, capital do estado de Mato Grosso e onde se localiza o hospital em que ele foi socorrido. Além da distância, o socorro demorou a chegar. Todo este contexto contribuiu para a irreversibilidade do quadro.
Com facilidade, se pode imaginar o drama vivido pela família, pelos amigos e pela comunidade do Seminário Padre Dehon nestes dias. Como você, que acompanhou este doloroso processo tão de perto, enxerga estes acontecimentos?
Pois bem… A mim coube a dura tarefa de ser um ministro de Deus nesta hora de dor e de tanto desafio. Apesar da imensa carga de comoção que pairou sobre todos os envolvidos, especialmente sobre os pais de Osvaldo, José e Elis, além de sua irmã Gabriela, podemos dizer que existem sinais consoladores que nos têm ajudado a “digerir” melhor este acontecimento amargo. O que digo agora não o digo pelo fato de ele estar morto. Digo porque já era a minha impressão como seu formador: Osvaldo não era, certamente, um garoto perfeito, mas tinha virtudes dignas de admiração. Simples, gentil, capaz de criar integração entre pessoas na comunidade, ele se destacava pelo bom humor e por uma fé vibrante, evidenciada na vida sacramental e de oração exemplares. Rapaz de confissão frequente, houve ocasiões em que ele pediu-me com insistência para ensiná-lo a “viver melhor o Batismo”. Sim! São palavras dele! Ele tinha esta sede! E isto me causava admiração. Era muito devoto da Virgem Maria e um rapaz de visitas frequentes ao sacrário. Sua mãe contou-me, que nestas últimas férias, ele a levou a uma capela na cidade de Tapurah, cidade onde reside sua família, distante 387 km de Cuiabá. Ele havia comprado uma flanela e um produto de limpeza por conta própria. Ao entrar na capela, ele pediu à mãe que sempre viesse ali para limpar o ambiente, mas sobretudo o sacrário. Eis o zelo que ele tinha pela Eucaristia!
E tudo isso, então, demonstra aspectos belos da fé deste nosso formando…
Sim! E não só. Estas lembranças permearam as comoventes conversas com seus familiares nestes dias de dor. No fundo, elas ajudaram a perceber que, misteriosamente, a graça de Deus operava em tudo, mesmo em meio a uma prova tão difícil de ser superada. O rastro de comoção fez-se ver em seu funeral e sepultamento ocorrido no dia 15 de janeiro, sexta feira, em Tapurah. Houve afluência de grande número de pessoas, além de um bom grupo de religiosos dehonianos daquele setor da Província BSP. Claro, tudo isso não arranca a dor que estamos sentindo, mas nos faz “ver além dos fatos”. Nos faz “ver com os olhos de Deus”. Lembrar de tudo isso trouxe um pouco de consolação a todos. O tempo e a graça se encarregarão de amenizar ainda mais esse sofrimento. Rezem pela família. Rezem pelo nosso seminário.
Sigamos em prece pela alma de Osvaldo e pela consolação de seus familiares e amigos. Sigamos na esperança que nos dá o Coração de Jesus: mesmo na dura prova, não sermos confundidos in aeternum.