12 outubro 2020
12 out. 2020

“Não podemos proclamar a vida e, ao mesmo tempo, colocá-la em perigo”

“Não podemos proclamar a vida e, ao mesmo tempo, colocá-la em perigo”
Há tantos homens e mulheres diferentes a caminho, todos com uma paixão pela Igreja e uma forte boa vontade. Todos eles procuram uma resposta à pergunta: "Como podemos viver a mensagem de Jesus que liberta e sustenta"?
por  Brigitte Deiters

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Quando a pandemia de Covid-19 atingiu seu primeiro pico na Alemanha e no mundo, o bispo de Hildesheim, Heiner Wilmer, escreveu seu novo livro com o título: “Trägt”  [do verbo tragen: suportar, sustentar], e subtítulo: “A arte de acreditar, esperar e amar”.

Na verdade, ele havia planejado fazer isso em uma data posterior. Um novo livro seu seria publicado somente nos próximos anos com o título: “Em que se baseia a essência do cristianismo?

“Todos nós sentimos que o coronavírus estava puxando o tapete de debaixo dos nossos pés. As grandes questões que surgem são: o que me sustenta quando o chão desliza sob mim, quando caio, quando não consigo me levantar ou voltar, mas também quando estou bem e o sol brilha”, explica o bispo Wilmer.

Ele dividiu o livro em três seções: “O que é importante e o que nos estressa”. O que nos sustenta. Quem nos sustenta”. O bispo Wilmer disse que à luz dos medos e das limitações ele também ouviu a pergunta: Onde está a Igreja, onde estão os bispos? “Então eu queria ser uma voz humilde oferecendo ajuda a partir do grande tesouro da Igreja”.

Apesar destas duras críticas à Igreja, não se pode dizer que ela se esquivou durante o isolamento, como às vezes é acusada, disse o bispo Wilmer. Com relação às celebrações canceladas, ele está convencido: “Não podemos proclamar a vida e, ao mesmo tempo, colocá-la em perigo. E ele se refere a muitas “iniciativas maravilhosas” como celebrações streaming, grupos litúrgicos WhatsApp, sugestões para celebrações domésticas, ofertas caritativas como fazer as compras para pessoas com deficiência ou o aconselhamento via telefone.

As igrejas têm visto as dificuldades do povo, enfatiza o bispo Wilmer: “Percebemos o gigantesco fardo adicional que as famílias e as crianças tiveram que suportar. Vimos as preocupações econômicas que estão afetando empregados e empregadores. Mas tudo isso era tão novo que inicialmente não nos pronunciamos sobre isso em nível nacional”.

Hoje a Igreja se posiciona claramente, por exemplo, na discordância sobre o fato de que pessoas tenham que morrer sozinhas: “Coisas terríveis aconteceram, isso não pode! Nos asilos [de idosos] precisamos de uma nova maneira de pensar e de um adequado Conceito de Proteção, para que os cônjuges e os membros da família possam se encontrar não apenas à distância”.

É uma questão de dissolver o paradoxo que [por um lado] demasiada proximidade pode matar, [por outro] a falta de proximidade pode deixar morrer.

Recentemente, na Alemanha, o projeto do “caminho sinodal” foi retomado. Os temas são poder e separação de poderes na Igreja, moral sexual da Igreja, celibato de sacerdotes e mulheres nos ministérios e ofícios da Igreja. Também aqui, o Coronavírus é o culpado pelo fato de que houve várias conferências regionais ao invés de uma em nível nacional. O bispo Wilmer considera esta decisão um “excelente passo”. Nos grupos menores, diz ele, era mais pessoal, era mais fácil falar uns com os outros, todos eram ouvidos: “Eu achei muito cooperativo.

Ele descreve como complexo o caminho que a Igreja na Alemanha deverá percorrer. Mas: “Pessoalmente, estou confiante de que faremos progressos. Acho ótimo que estejamos juntos em tudo. Há tantos homens e mulheres diferentes a caminho, todos com uma paixão pela Igreja e uma forte boa vontade. Todos eles procuram uma resposta à pergunta: “Como podemos viver a mensagem de Jesus que liberta e sustenta”?

 Ele também está convencido de que a Igreja na Alemanha não pode ir por este caminho sozinha, mas deve ampliar sua visão e interagir com os países vizinhos e com a Igreja

Ao mesmo tempo, ele está tranquilo no que diz respeito à “dependência” da Igreja universal: “Há toda uma série de pontos que nós, como bispos, podemos implementar nós mesmos. Como exemplo, ele menciona a questão do poder, da delegação de responsabilidade. Dentro da lei canônica ainda há possibilidades não utilizadas, diz ele, “para que possamos dar tarefas de responsabilidade a mulheres e homens batizados”.

 

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