Entrevista com o P. Stephen Huffstetter SCJ, vigário geral da congregação, sobre o estado atual das novas missões dehonianas.
Caro Padre Stephen, o programa missionário do Governo geral parece ser muito consistente. Poderia dizer-nos brevemente do que se trata?
O P. Dehon tinha um grande amor pelas missões e sentia-se comprometido com elas. E nós queremos ser fiéis ao nosso carisma de fundação. É frequente recebermos pedidos de Bispos para trabalhar numa diocese ou país onde ainda não estamos presentes. O Conselho Geral tem discutido possibilidade de novos países e quer avançar com pequenos passos mas de forma comprometida.
O anterior Governo geral tinha um plano ousado que incluía muitas novas possibilidades. Depois de discutir o plano que herdámos, o atual Governo pediu a cada região geográfica que se concentrasse numa nova missão. No caso da Ásia, a selecção foi para reforçar a Comunidade Internacional na Ásia (ICA), que ainda se encontra na sua fase inicial. A África identificou o Quénia, que está provavelmente a poucos anos de ser realizado. A Colômbia recebeu os seus primeiros dehonianos no Outono, e a Holanda está a preparar-se para acolher três membros que irão começar a estudar língua e cultura holandesas nos próximos meses.
De todos os projectos missionários, quais foram já realizados?
A Colômbia acaba de começar a tomar posição. Temos ali quatro membros, numa zona pobre de Bogatá. O nosso objectivo é concentrar-nos mais na reparação e reconciliação no seio das famílias do que no trabalho sacramental paroquial.
Quais são os principais desafios que geralmente enfrenta quando abre uma nova missão num país estrangeiro?
O principal desafio é encontrar as pessoas, o lugar, o projecto certo e os recursos adequados para cobrir as despesas. À parte isto, tudo é fácil!
O primeiro desafio é tentar compreender a língua e a cultura. A grande questão que temos de fazer é esta: qual o contributo que o nosso carisma pode dar ao povo de Deus numa determinada terra? O que é um projecto apostólico viável que reflete os valores e os objectivos dehonianos? Há a questão prática do financiamento. No passado, as províncias estabelecidas assumiam a responsabilidade de recursos humanos e financeiros. Esse modelo já não é sustentável. É importante que os missionários vivam, tanto quanto possível, dos frutos do seu trabalho.
Foram sem dúvida estas dificuldades que atrasaram a abertura da presença SCJ noutros países, em relação ao que estava previsto no vosso programa?
Muitos bispos pedem padres para ajudar em lugares distantes, o que geralmente significa que teriam de viver sozinhos. Embora a pastoral nas periferias seja importante para nós, não queremos que os nossos confrades vivam sozinhos. Queremos lugares de apostolado que promovam e possibilitem a vida comunitária. Procuramos lugares que incorporem os talentos dos irmãos religiosos que queiram servir. Deve ter-se em consideração também a necessidade de estágios de qualidade para os que estão em formação.
Obter vistos e permissões também leva tempo. Em alguns países, temos dificuldade em conseguir obter autorização para o trabalho de estrangeiros.
Pode antecipar-nos se iremos ter novas presenças missionárias em 2021?
Nos próximos meses, esperamos dar início à nova comunidade na Holanda. Não é uma nova presença, uma vez que historicamente tivemos uma forte presença nessa parte do mundo. De facto, as nossas províncias holandesa e flamenga foram das mais generosas no serviço às missões. Agora vêem que a sua missão está a aproximar-se do fim e o Conselho Geral gostaria de passar a tocha a uma nova geração de Dehonianos, formando uma comunidade internacional para continuar a presença do nosso carisma e espiritualidade naquela região.
Devido à pandemia de Covid-19 e outros atrasos, o projecto do Quénia poderá ter de esperar até ao próximo ano.
É fácil encontrar confrades para as novas missões ou confiam principalmente nas chamadas entidades do Sul, que ainda têm muitas vocações?
Encontrar pessoas não é certamente uma tarefa fácil. Os confrades mais jovens são ricos em entusiasmo e ideais. As entidades mais pequenas e mais antigas têm pessoas com sabedoria, experiência e vontade de estar ao serviço, e têm sido algumas das mais dedicadas a servir as missões. Entidades com apenas alguns membros fazem um grande sacrifício para libertarem um membro para as missões. Mas este é um verdadeiro sinal de que o nosso espírito missionário está vivo e de boa saúde.
Também é importante que a igreja no Sul Global desenvolva um forte sentido de missão e serviço dentro da sua própria cultura e realidade, chegando às periferias com projectos bem definidos.
A vida comunitária é bastante gratificante, mas não é fácil e exige esforço por parte de todos. No caso de pessoas de diferentes origens culturais que se juntam para formar uma comunidade internacional, o desafio é ainda maior. Mas no nosso espírito de Sint Unum, como nos recordam as nossas constituições, “quereríamos mostrar que a fraternidade por que os homens anseiam é possível em Jesus Cristo, e dela quereríamos ser fiéis servidores” (n. 65)
Mais uma pergunta. Com que espírito devemos embarcar para uma nova missão?
Inspiro-me no último capítulo do Evangelho de Mateus: depois de encarregar os discípulos de ir e fazer discípulos de todas as nações, Jesus também promete estar com eles até ao fim dos tempos. Acredito que quando confiarmos e assumirmos corajosamente a sua missão, seremos abençoados de inúmeras e inesperadas maneiras.