Entrevista com o p. João Nélio Pereira Superior Provincial dos Dehonianos de Portugal.
No próximo dia 1 de Julho começarás o teu primeiro mandato como Superior Provincial dos Dehonianos em Portugal. Já tens experiência de governo, dado que, por duas vezes, foste nomeado Conselheiro Provincial. Como vives este novo serviço à Província?
Ser Conselheiro é uma realidade, ser Provincial é outra realidade. É com certo temor e tremor que me preparo para assumir este serviço que me é pedido. Deus estará comigo e me ajudará. Estou nas mãos de Deus e espero que Ele me guie neste caminho, nesta nova missão.
Numa entrevista que deste à Agência Ecclesia, afirmaste que “Não temos os edifícios parados, mas vamos encontrando em cada tempo e em cada situação formas de readaptar esses espaços para coisas que sejam necessárias”. Que coisas são necessárias fazer nos próximos três anos?
O mundo está a mudar. A pandemia está a mudar um pouco a nossa sociedade. Os próximos tempos são tempos para nos re-situarmos no meio deste mundo. Uma das formas poderá ser colocar as estruturas ao serviço da sociedade que está a ficar cada vez mais envelhecida. Também podemos usar para o apoio espiritual a grupos cristãos, como já acontece com os nossos Centros de Espiritualidade. É um desafio redimensionar à situação actual da Província. A missão de outros tempos talvez não seja exactamente a missão de agora. Será necessário fazer sempre um discernimento sobre cada estrutura.
Os Dehonianos celebram o 75º aniversário da sua presença em Portugal e 55 anos da criação da Província. Estas datas festivas levantam duas questões: A primeira: Como é que a Província está a celebrar este Jubileu?
Está a ser preparada uma “história da Província” destes 75 anos. Haverá também momentos de encontro e de celebração. Mais do que celebrar o passado é importante celebrar o presente. Ao fim destes 75 anos precisamos de um novo desafio que nos agarre a todos como Província. É uma oportunidade para definirmos uma missão que nos envolva e que nos entusiasme.
A segunda: Sendo uma Província ainda jovem, há, no entanto, confrades – os italianos que ajudaram a construir a Província e os primeiros portugueses – que envelhecem… Pensas num modelo, numa estratégia para enfrentar esta realidade do envelhecimento dos confrades?
O envelhecimento é uma realidade da sociedade que também nos afecta. Temos uma dívida de gratidão para com os os mais idosos e o modo como os tratamos é uma forma de agradecer a dedicação que tiveram para com a Província. É muito importante que em todas as comunidades os confrades mais idosos sejam cuidados pelos mais jovens. Julgo que os confrades idosos podem humanizar muito as nossas comunidades. Temos de garantir espaços onde haja conforto para os mais idosos e presença da comunidade para que os confrades idosos não fiquem isolados.
Foste nomeado num momento muito importante para a Igreja em Portugal e para o mundo juvenil (e não só): em 2023 celebra-se, em Lisboa, a Jornada Mundial da Juventude. Qual será o papel dos Dehonianos nesta Jornada e será que estão a pensar organizar propostas específicas para os Dehonianos do mundo?
Estando tão envolvidos na Igreja em Portugal com as paróquias que temos e com os bispos dehonianos que estão em algumas dioceses do nosso país, o nosso grande contributo é cativar a juventude para a participação na Jornada e isso é um trabalho que já está a ser feito. Enquanto Congregação, juntamente com outros Institutos, estaremos ligados ao Sacramento da Reconciliação. Temos alguns sacerdotes que estão envolvidos na preparação dos espaços e na organização do sacramento. Como é hábito, estamos também a programar fazer em Portugal o Encontro Europeu da Juventude Dehoniana, onde nos sintamos todos unidos à volta de uma espiritualidade, à volta de um carisma.
A pandemia condicionou e ainda condiciona programas e relações. O que significa ser Superior Provincial no contexto de uma pandemia mundial?
A missão de um Superior Provincial é acompanhar as comunidades, os confrades e animá-los. E neste post-pandemia que já começamos a vislumbrar com um mundo que vai mudar bastante, o meu papel é estar atento neste discernimento para que a Província não fique para trás, mas acompanhe a mudança do mundo.
A Família Dehoniana tem uma presença significativa em Portugal. Será uma das prioridades do novo Governo Provincial?
Mais do que cuidar da Família Dehoniana, será relançar a Família Dehoniana. A partir de uma Família que vive uma espiritualidade nós podemos chegar muito mais longe.
E para concluir, podes deixar uma mensagem aos confrades…
Não existe um Provincial sem Província. Não existe um Provincial sozinho, isolado. Só podemos fazer alguma coisa se estivermos juntos numa missão num objectivo, enraizados neste amor do Coração de Jesus que o Padre Dehon apontou como modelo da nossa vida. Juntos podemos ser uma mais valia na Igreja em Portugal. Gostaria muito de contar com a ajuda de todos.