“Uma presença abençoada”
No quinto dia do Capítulo Geral, os capitulares foram informados sobre a presença dehoniana na América do Sul, na América do Norte e na Europa. No final da tarde, teve início o processo de eleição do Superior Geral.
O quinto dia do XXV Capítulo Geral começou com a Eucaristia presidida pelo P. Eli Lobato dos Santos, superior da Província Brasil-São Paulo. Na sala capitular, ele refletiu sobre a Palavra de Deus de hoje, enfatizando a homenagem prestada ao profeta Elias pelos seus grandes feitos. Na verdade, é importante lembrar que o que importa não é o que fazemos por nós mesmos, mas que toda boa obra é obra da graça de Deus em nós. Jesus ensina-nos a sua oração, que é, antes de tudo, um lembrete de que existe um vínculo entre todos os seres humanos e toda a criação. Chamamos Deus de “Pai Nosso”, portanto, mesmo que não gostemos de alguém, nunca podemos ignorar que somos irmãos.
A primeira apresentação de hoje foi feita pela área geográfica da América do Sul. P. Juan Manuel Yépez Barreto, superior da Região da Venezuela, partilhou que os primeiros missionários dehonianos chegaram ao Equador em 1888, enviados pelo próprio fundador. Atualmente estamos presentes em quase todo o continente, exceto Bolívia, Suriname, Guianas Inglesa e Francesa. Existem 136 comunidades locais onde nossos irmãos vivem e trabalham em paróquias, missões, na região amazônica, casas de formação, centros educacionais e sociais, como o Instituto Meninos de São Judas Tadeu, ajudando cerca de duas mil crianças e jovens em São Paulo, Brasil. Um dos principais desafios é a distância geográfica entre países, e mesmo entre comunidades dentro de uma mesma entidade. Pe. Levi dos Anjos Ferreira, conselheiro geral responsável pela América do Sul, acrescentou que somos abençoados pelo dom da internacionalidade que possibilitou novas frentes missionárias. Contudo, ainda existe uma dificuldade em termos de clericalismo, polarização política, individualismo e falta de partilha dos nossos bens.
A América do Norte foi apresentada por seus dois superiores maiores, P. Vien Nguyen (EUA) e P. Gustave Lulendo N’dotony (CAN), acompanhados do P. Stephen Huffstetter, conselheiro geral. Partilharam que a presença dehoniana no continente remonta a um passado distante, quando missionários da Holanda e Alemanha chegaram à América do Norte. Desde então, a internacionalidade e a interculturalidade têm sido um ponto forte. Atualmente, 65% dos nossos confrades vêm de outras entidades, e isso é uma bênção. Apesar dos novas leis de imigração dificultarem o processo de pedido de visto tanto nos EUA como no Canadá, esperamos que a colaboração internacional continue a crescer. Da mesma forma, a América do Norte está aberta a colaborar com toda a congregação sempre que for necessário e possível.
Outro bom exemplo de abertura é a presença de leigos, especialmente mulheres, que trabalham em estreita colaboração conosco nas nossas comunidades e apostolados. Atualmente, os dehonianos servem em pastoral paroquial, comunidades étnicas, escolas, lares de idosos e acolhimento de migrantes e refugiados. Em termos de ministério social, estamos particularmente preocupados com as mudanças climáticas e ameaças de armas nucleares. Em outubro, realizar-se-á uma Conferência Norte-Americana para educar os nossos confrades e associados sobre estas questões urgentes. A realidade de envelhecimento dos confrades é um verdadeiro desafio, mas ambas as entidades estão empenhadas em garantir que os nossos idosos sejam devidamente assistidos, com amor e dignidade. P. Vien concluiu dizendo que “somos um continente multicultural e internacional, mas o carisma dehoniano é a nosso laço. É o carismo que nos mantém unidos.”
O último relatório do dia foi sobre o continente europeu, apresentado pelo Pe. Enzo Brena, superior da província italiana do norte, e P. Stefan Tertünte, superior provincial da Alemanha, acompanhados do P. Artur Sanecki, conselheiro geral para a Europa. Este continente é o berço da nossa congregação, que outrora foi abençoada com numerosos membros que foram enviados como missionários por todo o mundo. Estamos empenhados em preservar a nossa história comum e os lugares onde o Pe. Dehon viveu e trabalhou.
Embora a realidade vocacional da Europa tenha se tornado escassa, continuamos a ser o continente com mais confrades servindo em 21 países diferentes em todo o mundo. Na Europa, os Dehonianos estão presentes em 17 países, de Oriente a Ocidente. Como consequência, somos extremamente diversos em termos de cultura, língua, situação política, social e econômica. A queda do muro de Berlim deu-nos esperança de que seria estabelecido um tempo de paz, cooperação e democracia, mas infelizmente constatamos que, tal como noutras partes do mundo, esta realidade também é frágil na Europa. A secularização está bem difundida em muitos países europeus. Houve uma mudança da religiosidade cristã tradicional para uma fé que não depende necessariamente de instituições. Talvez seja um chamado para redescobrirmos e retornarmos ao que há de essencial no Evangelho. Em termos de apostolado, a Europa esforça-se por responder às necessidades locais. Temos paróquias, universidades, escolas, pastoral juvenil, formação, missão, estudos teológicos e espiritualidade. É importante mencionar o testemunho dos nossos confrades idosos na Europa que continuam a dar um exemplo de fidelidade, paciência e sacrifício. A última palavra é sinodalidade; agradecemos ao Papa Francisco que nos ensina a caminhar juntos em comunhão e corresponsabilidade.
Depois de apreciar o relatório de todas as áreas geográficas, os capitulares iniciaram o processo de eleição do superior geral para os próximos seis anos. Com a orientação do Espírito Santo e a intercessão de Maria, realizamos uma primeira votação para identificar os candidatos. Agora, oremos para que Deus nos guie para escolher quem Ele quiser. Que seja feita a sua vontade!